07/08/2009

Luísa Tender - Recital no Teatro Sá de Miranda


Parece muito mais jovem do que realmente é, apesar de os seus 32 anos ainda serem muito prévios. Contudo, já toca piano há 28 e não poderia ser há menos para tocar como o fez ontem, no VIII Festival Internacional de Música que, como habitualmente, se realiza em Viana do Castelo e tem o Teatro Sá de Miranda como palco principal.

Luísa Tender tocou magnificamente, embora o público não enchesse mais que metade do teatro (e bilhetes a 5 euros!...), evidenciando técnica e maturidade, numa primeira parte o Concerto Italiano de J.S. Bach e a maravilhosa Suite Bergamasque e Pour le Piano de Claude Debussy. Na segunda parte, dum recital de cerca de 90 minutos, a jovem pianista portuguesa tocou maravilhosamente a Suite Inglesa em Sol Menor de J.S. Bach, Prelúdio e Fuga em Ré Menor de Dmitri Shostakovich (adoro este compositor e a intérprete não me decepcionou) e Chaconne em Ré Menor de J.S. Bach / F. Busoni.

Luísa Tender... um nome a não esquecer.

04/06/2009

Lavar a cara na praia


Uma gaivota percorre uma linha paralela à crista da onda... deslisando suavemente como num quadro bucólico mas dinâmico... sem atrito... só vontade e só enleio. Exactamente um palmo abaixo do cume da vaga, desse túnel vidrado e côncavo esverdeado, visto de onde eu vejo...

Até de repente arrepiar caminho, ascendente, voo picado ao céu, escapando milimetricamente ao cuspo salgado do mar...

E assim, sem esforço, desloco serenamente (e quase parvo) os meus olhos, da esquerda para a direita, abarcando no meu peito a brisa salina daquele mar do Cabedelo... e pouso o olhar num navio já construído que espera a partida no estaleiro de Viana.

22/04/2009

Devaneio

vejo
neste devaneio
o adejar suave de gaivotas
que fazem a praia mais leve
do que jamais eu conseguira ser
e eu tolho-me
nas dunas
como se docemente
tropeçasse
nos teus seios
contornasse exausto
as tuas ancas
e faminto
e sedento
ansiasse pelo navegar
num mar de tranquilidade
oceano sereno
onde a maresia
se cruza com beijos
e abraços
e tudo é feito de tudo
como os ingénuos poemas
que escrevemos pela noite
ávidos da doçura da pele
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