23/10/2015

Atestados de Umbigo... e outras, moderadas, fricções deontológicas



Os camaradas académicos de transmissões, os que cursaram engenharia electrotécnica (ou semelhante), tendem a ver-me com maus olhos... por um motivo muito simples: por eu dizer (honesta e lealmente) o que penso. E o que penso (como antigo aluno de EngEC) e digo também é muito simples: não concordo, nunca concordei nem concordarei, que aos restantes militares não académicos (nomeadamente sargentos) não seja dada a oportunidade de complementar (em proveito também do Exército) licenciaturas em engenharia que os mesmos já cursassem antes de (ou durante) a permanência nas fileiras. O que acho ser uma injusta aberração vai mais longe, ao não serem reconhecidas aos militares não académicos graduações em áreas científicas afins às atribuídas aos académicos militares: tornou-se vulgar a utilização (até nas assinaturas), pelos académicos, do atributo “Eng” (engenheiro) entretanto vedado aos outros também graduados em engenharia. Trata-se duma flagrante injustiça... que os que pagam um curso (e estudem fora de horas), com grande sacrifício e óbvia vocação, não tenham o reconhecimento que têm os que estudam por conta do Estado, a tempo inteiro.

 Acontece ainda que uma carecterística tradicional das nossas chefias (militares) é a de acharem que os subordinados (pelo menos no Exército) devem ser polivalentes (...), o que, obviamente, não resultará num bom compromisso (eventual) com as artes ou ciências. A não ser que se trate dum ser-humano genial, extraordinário, ninguém estará à espera que um jovem licenciado (também em engenharia) a quem nunca (ou raramente) é dada a tarefa de “engenhar”, motivando-o antes para a ordem unida, o comando de sub-unidades, para não falar da cagança bailarina das paradas... e para além da guerrilha permanente e mesquinha da (subida na) carreira... ninguém esperará que se afirme dali um verdadeiro engenheiro. A gente sabe que (naturalmente) a maioria dos engenheiros militares (para além do propalado Eng) têm muito pouco de engenheiros, que nem sequer convivem com o ambiente técnico-científico adequado... que chegam a não saber distinguir uma pilha dum condensador electrolítico... e, pior ainda, quando algum oficial se afigura verdadeiro engenheiro raramente sobrevive ao “bulling” duma hierarquia mesquinha, despeitada, invejosa de talento, que sobre ele se abate. Não vale a pena dar exemplos... mas não consigo deixar de pensar logo naquele rapaz da UA (que por acaso até nem marchava propriamente mal)... e exteriorizava cultura bastante e à vontade com a manipulação estudada dos electrões... com autênticos projectos de engenharia (civil) electrotécnica.

Esta é a minha (singela) opinião, apenas. Longe de mim a pretensão de alimentar um monumento à entropia castrense ou obstaculizar à verdadeira camaradagem. Esssa, muito rara embora, permanecerá incólume no sentido humano e social do termo. Abraço para os verdadeiros camaradas e amigos.

07/10/2015

República dos Bananas

"E aqueles que, por filha-da-putices, se vão da lei da morte libertando"
Verso, em jeito um tanto camoniano e (por que não?) cavaquiano, de José Vilhena... acerca dum país que nem o mar quis (...).