27/05/2016

Por uma escola democrática e pública

Lembro-me de, em criança, termos sido arregimentados pelos professores para aplaudir a passagem do então presidente Tomaz. Deram-nos bandeirinhas nacionais de papel… e alguém também arremessou ao marinheiro vestido de branco pétalas-de-rosas-brancas… Assim como se fosse a virgem-maria… Isto, claro, era no tempo do fascismo…
Agora vejo as escolas privadas fazerem muito pior. Arregimentam crianças para se “manifestarem” em favor daquele tipo de ensino mercenário, ostentando cartazes com palavras de ordem de que desconhecem, devido à sua imaturidade, o significado. Devia ser considerado crime?... Não sei… mas sei que me cheira a algo muito pouco ético e marcadamente anti-pedagógico. Por aí se pode aferir da sua alta qualidade de ensino.
Muitas pessoas, geralmente com pretensões elitistas, chamam qualidade de ensino aos resultados (às notas) escolares obtidos… Mas escola não é (não devia ser) só isso… A integração dos estudantes na sociedade real é muito mais importante… e isso pressupõe partilhar (com os outros) dificuldades… respirando o mesmo ar, comendo da mesma cantina, experienciando as coisas fáceis e difíceis proporcionados pelo regime político que nos governa.
Muitos defensores das escolas privadas e de outros estabelecimentos elitistas (impropriamente considerados públicos) argumentam, à falta de melhor discurso científico, que não se deve eliminar o que é “bom”, insinuando que essa formação “de elevada qualidade” irá contaminar positivamente toda a sociedade… Como se se estivessem a empenhar mais, a esforçar, em favor de todos, incluindo os pobrezinhos… É um argumento falacioso… pq depois não nos apercebemos dessa influência positiva. Vemo-los de emblema ao peito, muito briosos (“orgulhosos”) de terem sido formados naquela escola, a agitar influências no sentido de “servir” o país com bons ordenados… mas não os vemos a orientaram o seu conhecimento em favor da sociedade mais do que os cidadãos da escola pública… antes pelo contrário.
Também a maçonaria tinha (inicialmente) muito boas intenções, nomeadamente de fraternidade, benevolência e tolerância… num contexto espiritual de devoção ao grande arquitecto. E hoje que vemos dessa elite de pretensos iluminados?... Quão iniciáticos são efectivamente?... Ou melhor… quão diferem de outras seitas de corrupção e tráfico de influências como a opus dei e até as máfias?
Escola pública, boa ou má… igual para todos. Os pais que quiserem mais luxo podem sempre fazer donativos para a escola pública nesse sentido.
Quem quiser privada que a pague, obviamente, sem subsídios da república e sem equivalências directas (isto é, equivalências só após exames na escola pública).