Lembro-me de, em criança, termos
sido arregimentados pelos professores para aplaudir a passagem do então
presidente Tomaz. Deram-nos bandeirinhas nacionais de papel… e alguém também
arremessou ao marinheiro vestido de branco pétalas-de-rosas-brancas… Assim como
se fosse a virgem-maria… Isto, claro, era no tempo do fascismo…
Agora vejo as escolas privadas
fazerem muito pior. Arregimentam crianças para se “manifestarem” em favor
daquele tipo de ensino mercenário, ostentando cartazes com palavras de ordem de
que desconhecem, devido à sua imaturidade, o significado. Devia ser considerado
crime?... Não sei… mas sei que me cheira a algo muito pouco ético e
marcadamente anti-pedagógico. Por aí se pode aferir da sua alta qualidade de
ensino.
Muitas pessoas, geralmente com
pretensões elitistas, chamam qualidade de ensino aos resultados (às notas)
escolares obtidos… Mas escola não é (não devia ser) só isso… A integração dos
estudantes na sociedade real é muito mais importante… e isso pressupõe
partilhar (com os outros) dificuldades… respirando o mesmo ar, comendo da mesma
cantina, experienciando as coisas fáceis e difíceis proporcionados pelo regime
político que nos governa.
Muitos defensores das escolas
privadas e de outros estabelecimentos elitistas (impropriamente considerados
públicos) argumentam, à falta de melhor discurso científico, que não se deve
eliminar o que é “bom”, insinuando que essa formação “de elevada qualidade” irá
contaminar positivamente toda a sociedade… Como se se estivessem a empenhar
mais, a esforçar, em favor de todos, incluindo os pobrezinhos… É um argumento
falacioso… pq depois não nos apercebemos dessa influência positiva. Vemo-los de
emblema ao peito, muito briosos (“orgulhosos”) de terem sido formados naquela
escola, a agitar influências no sentido de “servir” o país com bons ordenados… mas
não os vemos a orientaram o seu conhecimento em favor da sociedade mais do que
os cidadãos da escola pública… antes pelo contrário.
Também a maçonaria tinha (inicialmente)
muito boas intenções, nomeadamente de fraternidade, benevolência e tolerância…
num contexto espiritual de devoção ao grande arquitecto. E hoje que vemos dessa
elite de pretensos iluminados?... Quão iniciáticos são efectivamente?... Ou
melhor… quão diferem de outras seitas de corrupção e tráfico de influências
como a opus dei e até as máfias?
Escola pública, boa ou má… igual
para todos. Os pais que quiserem mais luxo podem sempre fazer donativos para a
escola pública nesse sentido.
Quem quiser privada que a pague,
obviamente, sem subsídios da república e sem equivalências directas (isto é, equivalências
só após exames na escola pública).